19/12 - Do Brasil ao Uruguai - 700km

Acordamos cedo, café da manhã simples, abastecemos o tanque da moto com gasolina, o nosso com Red Bull, e partimos em direção ao Chuí, a cidade mais ao sul do Brasil. A estrada até lá é simples, mas com pouco movimento e o asfalto é bem honesto, então dava pra manter um ritmo legal.
Lá pelas tantas, a uns 150km de Chuí paramos pra esticar as pernas e abastecer a moto. Sorte! Pegamos mais de 150km de reta, absolutamente reto, sem naada ao redor. Chato. Mato de um lado e mato do outro, entediante. Bastava manter a moto em linha reta e na velocidade escolhida e seguir em frente, a falta de coisas pra olhar e desviar dá um baita sono, tanto é que em um momento eu pensei ter um pica-pau no meu capacete.. Que nada, era a Debora cochilando e batendo capacete com capacete comigo.. Antes de viajar separei uma playlist legal pra ela ir escutando, nesse trecho até ouvi ela cantar.. Ao menos a estrada era boa, poucos buracos e bem sinalizada. A única coisa que lhe faz prestar um pouco de atenção é a grande quantidade de animais mortos por atropelamento, cheguei a ver uma tartaruga, lindona, atravessando a pista.
Chegamos na fronteira com o Uruguay, nem eu nem a Debora tínhamos cruzado uma fronteira terrestre, ainda mais no veículo próprio. Os fiscais da fronteira educadamente nos apontaram um lugar para deixarmos a moto e onde deveríamos ir para apresentar os documentos. Tudo bem legal. Ao entrar pra resolver os documentos, fomos atendidos por um sonolento com perceptível sonolência, paciência, eu to bem acordado... Passaportes carimbados, voltamos para os fiscais amistosos e apresentamos toda papelada, incluindo o seguro carta verde, outro papel obrigatório para se rodar motorizado no Uruguai e Argentina.. Muito simpáticos desejaram boa tarde e boa viagem. Que emoção, estávamos dentro do Uruguai! Paramos pra tirar várias fotos, nessa hora não tinha mais tensão sobre a viagem, estávamos vivendo aquilo que planejamos, era só alegria!

De repente, ao estranho, a rodovia fica mais larga, com pavimentação melhor – Que diabos é isso!? - Eis que placas sinalizam um aeroporto de emergência.  Numa eventualidade, um avião pode pousar ali, no meio da estrada.. Placas inclusive sinalizam para não se estacionar neste trecho.. Diferente.
Pouco a frente, cansados de ver mosquitos morrendo na viseira do capacete, entramos na Fortaleza Santa Teresa, um lugar guardado por militares, que se resume a uma grande fortaleza, construída em pedras no ano de 1792, muito bonita, que abriga também um camping e uma população inteira de vacas. Vacas motociclistas talvez, pois não tiravam os olhos de nós.. Fomos com a moto até próximo do mar, estacionando na frente de umas dunas, gostamos, pela primeira vez vimos a praia do território Uruguaio.
Ao voltarmos pra estrada estávamos bem determinados a chegar em Punta del Este, até porque estávamos famintos, partindo da fronteira não se tem outra cidade bem estruturada antes. Paramos pela primeira vez para abastecer. A moto ganhou um tanque cheio da estranha “Nafta”, como chamam gasolina na Argentina e Uruguay, já nós.. Doritos, red bull, umas empanadas da estufa, todos de tanque cheio.. 
Seguimos pelas boas estradas a caminho de Punta del Este. Vibrávamos a cada placa indicando a proximidade da cidade, quando finalmente chegamos ao acesso, já estávamos gritando dentro dos capacetes!
Entramos em Punta por La Barra, o que resulta em ter que cruzar aquelas pontes onduladas, marcantes. Foi emocionante passar por lá, sentíamos a sensação de “dever cumprido”, não só conseguimos chegar, como adiantamos um dia! – Caramba, tomara que tenham vaga no nosso hotel, a reserva seria só a partir de amanhã..
Tudo certo, quando paramos a moto vi que rodamos uns 700km. Incrível como foi tranquilo, com vontade e estrada boa, é bem fácil. 
Depois de um banho saímos para passear, e que passeio! Dia seguinte descobrimos que caminhamos uns 9km.. Fomos pro hotel e dormimos muito. Que nada! Para fechar a noite, fomos no Cassino Conrad. Um bonito hotel cinco estrelas. Tipo Las Vegas. De frente para o mar, com um enorme Cassino, com infinitas máquinas caça níqueis e toneladas de mesas de jogos. O padrão é tão legal que de lá transmitem jogos do Pokerstars.. Nos divertimos muito, jogamos muito na roleta, bebemos, ganhamos, perdemos, bebemos.. Fomos dormir felizes, sabendo que só retornaríamos para a estrada dali a um bom tempo.


Um comentário:

  1. Opa, fala Luiz!

    Só um pequeno detalhe, cara! A polícia corrupta é a argentina, sobretudo na Ruta 14, que sempre passa pertinho da fronteira brasileira. Esses, sim (principalmente nas províncias de Entre-Rios) são caçadores de propinas.
    No Uruguay, o papo é diferente: as leis são cumpridas à risca, mas a polícia é legítima. Além dos uruguayos, só os chilenos tem essa "fama" na América do Sul, a de prenderem os pretensos corruptores. Se for parado no Uruguay, não ofereça propina!

    Abração!

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