18/12 - O grande dia, a saída! De Blumenau à Camaquã - 740km

Segundo Nolan, o parasita mais perigoso é a idéia. Resistente e altamente contagiosa, quando uma ideia domina o cérebro é quase impossível erradicá-la. Uma ideia totalmente formada e compreendida penetra fundo em nossa mente, e mais cedo ou mais tarde ela vai se desenvolver e querer saltar de lá para o “mundo real".
Eu, Luiz Felipe, acompanhado de minha namorada Debora, tive uma idéia.
Ir de moto para a Argentina.

Entre acertarmos que realmente iríamos, e de fato partir, foram cerca de 3 meses, parecia que tínhamos tempo de sobra, que baita engano! As semanas que antecederam a viagem foram agitadíssimas, uma baita correria pra finalizar os últimos detalhes! Eis que finalmente chega a noite que antecede a saída.... Não vou mentir, estávamos muito tensos, dezembro se mostrara um mês chuvoso em Blumenau e região, as últimas duas semanas foram terríveis, tempo feio e chuvoso o dia inteiro.. Não pude nem testar a moto com as mudanças que antecederam a viagem, não fazia idéia de como seria pilotar ela com os alforjes laterais, tinha também regulado a suspensão para ficar mais macia, não sabia o que esperar..
O despertador tocou, pulei alto da cama, a Debora acordou com a movimentação e antes que me desse conta ela estava em pé, abrindo as persianas – Que dia lindo!
Fomos presenteados com uma manhã de tempo perfeito, excelente começo!
Enquanto saia do quarto, “fardado” com a bota, calça, jaqueta e luva de “jaspion” ainda me acostumava com tudo aquilo incomodando no corpo, caramba, ficou tudo pra última hora mesmo, mal tinha testado a bota! Ao subir na moto a sensibilidade com os pedais estava muito comprometida – porcaria, na estrada tentarei me adaptar – resmunguei..
Pulamos o café da manhã, queríamos começar logo a aventura! As 08:30 subimos na moto com um enorme frio na barriga, a sensação ao dar a partida era estranha, tive que olhar para o painel pra ter certeza que a moto estava ligada, no dia anterior troquei o escapamento Yoshimura pelo original, pra viajar em silêncio, - pronto, mais uma coisa pra me acostumar, rsrss.. Saímos sem trânsito, rumamos para a BR101, no trevo de Itajaí paramos no posto Dalçóquio para tomar um café da manhã e abastecer a moto. Seguimos em direção sul, parando a cada 100km para esticar as pernas, rapidamente bati meu recorde pessoal de distância em uma viagem de moto. Acredite, o máximo que eu já tinha rodado em uma estrada de moto foram uns míseros 350km! A Debora só tinha andado na estrada em passeios curtos comigo, como até a praia, visitar parentes em cidades próximas e etc.. Esta é a segunda moto que tenho, a primeira 4 cilindros, na data da viagem partimos com o hodômetro dela marcando apelas 2800km rodados, pode-se dizer que eram 3 novatos na mesma cena!
Muitas das paradas eram regadas a Red Bull e alguma besteira pra comer. Na estrada optamos por não almoçar comida “de verdade” por medo de sofrer daquele sono “pós-rango”, beliscávamos comidas do tipo “morte certa” nos postos de gasolina..

Na região de Osório em uma parada encontramos dois amigos paulistas, em duas Hayabusas, Estavam vindo da Serra do Rio do Rastro, baita lugar. Seguiriam em direção à Gramado, também para passear.. Mais a frente, já em Gravataí/RS encontramos três de Florianópolis, em Big Trails, estavam indo para o Ushuaia, o Fin del Mundo!! Sem dúvidas uma das maiores aventuras que se pode fazer em 2 rodas..
Convidaram-nos para seguirmos juntos na estrada, mas eles esticariam até Pelotas, nós optamos por parar um pouco antes.. Era muito legal perguntar de onde vinham e para onde iam, todos vibrávamos mostrando as fotos tiradas pelo percurso, e ficavam felizes em saber que estávamos em nossa primeira viagem, indo ao Uruguai e Argentina. Estes episódios foram a apresentação que faltava a nós no mundo das duas rodas. O companheirismo é impressionante, durante toda a viagem fizemos muitas amizades com motociclistas, isso nos contagiou pra valer!
Gostamos da estrada, o dia de céu azul e a qualidade da BR101 e Freeway fizeram a viagem render muito, viajar em estrada duplicada é moleza, originalmente pensávamos em ficar em Gravataí, mas sem qualquer dificuldade estendemos um pouco mais.
Paramos ali pelas 18horas em Camaquã/RS, a 740km de casa.. Rodamos pouco até achar um hotel, tomamos banho e lavamos as camisas que compramos especificamente pra fazer essa viagem de moto.
O fabricante alegava que secam ao natural, ficamos com medo de não secar, acabei improvisando um varal Magaiver no ar-condicionado, espero que o pessoal do hotel não tenha visto, rsrss... Saímos para passear, andamos bastante, conhecemos toda a área central da pequena cidade, praça, prefeitura e etc.. Andar tanto tempo de moto deixa a bunda quadrada, mas é só ficar em pé que “arredonda” denovo.. Comemos uma boa pizza, tomamos uma cerveja Polar e voltamos pro hotel lá pelas 22horas. Para garantir, tomamos um relaxante muscular, em seguida capotamos felizes pelo primeiro dia perfeito de estrada!


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